Obesidade

Exercício físico e saúde hormonal: Muito além da perda de peso

Olá! Eu sou a Dra. Raquel, endocrinologista, e hoje quero compartilhar com você uma visão que vai além do esperado. Quando falamos de atividade física, a maioria das pessoas ainda pensa apenas em emagrecimento. Mas os benefícios do exercício físico vão muito além da balança.

O movimento do corpo tem o poder de modular a produção, liberação e ação dos hormônios — influenciando saúde, bem-estar, longevidade e até emoções. Vamos explorar como diferentes tipos e intensidades de atividade física impactam positivamente (ou negativamente) o nosso sistema endócrino?

O sistema endócrino: maestro da nossa fisiologia

Antes de entrarmos na influência do exercício, é importante lembrar que o sistema endócrino é composto por glândulas que produzem hormônios — mensageiros químicos que regulam quase tudo no nosso corpo: metabolismo, crescimento, humor, libido, sono, resposta ao estresse e muito mais.

A boa notícia é que o exercício físico é um potente regulador hormonal natural. Ele ativa e equilibra esse sistema de forma adaptativa, desde que feito com consciência e regularidade.

Como o exercício impacta os principais hormônios?

Vamos direto ao ponto. Veja como diferentes tipos de treino influenciam hormônios específicos:

1. Insulina

  • Atividade aeróbica moderada a intensa (como caminhada rápida, corrida, bicicleta) melhora a sensibilidade à insulina, ajudando no controle glicêmico e na prevenção da resistência insulínica e do diabetes tipo 2.
  • Pessoas com síndrome dos ovários policísticos (SOP), por exemplo, se beneficiam muito desse tipo de treino como parte do tratamento.

2. Cortisol

  • O cortisol é o “hormônio do estresse” — necessário, mas quando cronicamente elevado, traz efeitos negativos como ganho de peso abdominal, queda de imunidade e insônia.
  • Exercícios intensos e prolongados sem descanso adequado podem aumentar ainda mais o cortisol.
  • Já atividades leves a moderadas, como yoga, pilates, caminhada e treino funcional consciente, ajudam a reduzir os níveis de cortisol e promovem relaxamento.

3. Hormônio do crescimento (GH)

  • Treinos de alta intensidade (como HIIT ou musculação intensa com intervalos curtos) estimulam a produção natural de GH, importante para regeneração celular, queima de gordura e massa magra.
  • Em adultos, o GH também contribui para melhora da disposição e sono de qualidade.

4. Hormônios da tireoide (T3 e T4)

  • O exercício modula a conversão de T4 em T3 (a forma ativa), contribuindo para um metabolismo mais eficiente.
  • É um excelente coadjuvante no tratamento de hipotireoidismo subclínico ou autoimune, junto com a abordagem nutricional e medicamentosa.

5. Hormônios sexuais (estrogênio, progesterona, testosterona)

  • Treinos de força são particularmente eficazes em estimular a produção de testosterona tanto em homens quanto em mulheres — importante para libido, massa muscular e saúde óssea.
  • O exercício também regula a produção de estrogênio e progesterona, ajudando a reduzir sintomas de TPM, menopausa e SOP.
  • Atenção: excesso de exercício sem energia suficiente (baixo consumo calórico) pode inibir esses hormônios, causando amenorreia (falta de menstruação) e desequilíbrios hormonais.

6. Endorfinas e serotonina

  • Atividade física, especialmente em ambientes ao ar livre, aumenta a liberação de endorfinas, dopamina e serotonina, promovendo sensação de prazer, bem-estar e alívio de sintomas depressivos.

A importância da intensidade, regularidade e descanso

Nem sempre “mais é melhor”. O segredo está na frequência, intensidade adequada e períodos de recuperação. Nosso corpo precisa de estímulos, mas também de tempo para se adaptar, regenerar e manter o equilíbrio hormonal.

Algumas recomendações práticas:

  • Combine treinos aeróbicos e de força durante a semana.
  • Respeite os sinais do corpo: cansaço extremo, irritabilidade ou distúrbios do sono são sinais de que algo está errado.
  • Durma bem. O sono é tão importante quanto o treino para o equilíbrio hormonal.
  • Evite treinar em jejum ou com dieta muito restritiva, especialmente se você tem histórico de disfunções hormonais.

Exercício como terapia hormonal natural

Cada vez mais, utilizo a prescrição de movimento como parte do tratamento endocrinológico. E o melhor: não há fórmula única. O exercício ideal é aquele que combina com seu estilo de vida, seu corpo e seus objetivos.

Por isso, oriento meus pacientes a enxergarem a atividade física como um remédio de ação múltipla: ele trata, previne e equilibra. Mas, como todo remédio, precisa de dosagem certa, frequência e acompanhamento.

Movimento é medicina

Se você deseja melhorar seu equilíbrio hormonal, meu convite é simples: mexa-se com consciência. Busque prazer no movimento, escolha modalidades que façam sentido para sua realidade e, se possível, conte com uma equipe multidisciplinar (médico, educador físico, nutricionista) para guiar sua jornada.

Com constância, paciência e escuta ao seu corpo, os resultados virão — e não só na balança. Virão na energia, na disposição, no sono, no ciclo menstrual, no humor e, acima de tudo, na sua saúde como um todo.

Vamos juntos?

Veja todos os artigos nesse link: https://draraquelendocrino.com.br/blog/

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